eu estava no avião vindo de uma terra distante.
do meu lado, estava sentada uma moça como eu, brasileira. uma menina bem bonita, super elegante e divertida. ela era bem mais nova do que eu, provavelmente tinha completado 18 anos há pouco tempo. conversamos um pouco e ela acabou me falando um pouco sobre sua vida.
ela contou que tinha ido a essa terra distante para encontrar-se com uma pessoa com o qual tinha um relacionamento aberto. ah sim, nessa terra distante as pessoas falam um idioma bem diferente do nosso querido português. idioma esse que a menina não dominava.
fiquei de queixo caído.
mesmo com 18 anos, meus pais jamais permitiriam que eu viajasse assim. legalmente eles não poderiam mandar em mim, mas fariam o possível e o impossível para evitar uma coisa dessas.
então fiquei pensando porquê meus pais evitariam: eles nunca permitiram que eu ficasse a mercê de alguém. eles sempre quiseram que eu fosse a senhora da minha vida. parece contraditório, mas talvez com 18 anos eu ainda não tivesse noção dessas coisas e precisava de alguém para me mostrar. então para não depender dos outros, eu tinha que obedecer uma ordem dos meus pais, neste caso.
bizarramente contraditório, mas acho q deu certo.
eu já me fodi várias vezes por isso. mas foi melhor: sempre mandei em mim.
houve um período da minha vida que permiti ser comandada. é um lance que tem a ver com religião, já expliquei antes mais ou menos. eu não fui feliz e eu não fui livre. isso não durou muito tempo, mas foi o suficiente para que eu me sentisse muito infeliz.
consigo pensar em duas moças muito próximas a mim que permitem esse comando. talvez por comodidade, afinal, é bom demais ter alguém para fazer as coisas para você. mas elas sentem-se muito infelizes. talvez (talvez, eu disse) a raiz dessa infelicidade é que elas não são senhoras de suas próprias vidas.
talvez eu esteja falando bobagem.
e eu nem conheço a moça do avião para dizer se ela é ou não feliz.
não é uma regra, essa porra.